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Quimeras e Utopias

Quimeras e Utopias

Vou para não ficar (excerto VIII)

Um rol de emoções, ecos do passado, murmúrios do futuro em quatro mãos que se tocavam, em dois olhares que se fitavam mutuamente. Numa sincronia perfeita que poderia ser atestada se o momento tivesse sido gravado e pudesse ser revisto, uma e outra vez, fotograma a fotograma, segundo a segundo, os dois levantaram-se ao mesmo tempo, num movimento brusco, irremediavelmente sugados um pelo outro. Duas células a unirem-se num procedimento natural. Beijaram-se, agarraram-se com violência. Treparam à mesa, ignorando pratos, talheres e a panela. Duas respirações alteradas que rugiam em uníssono uniam-se numa conversa urgente. Um talher caiu no chão da cozinha tilintando, uma das cadeiras tombou para trás com estrondo. Salvador despiu a camisola azul de Alexander. Beijou-lhe o queixo, o pescoço, o peito, um e outro mamilo. Ajoelhados em cima da mesa, de olhos fechados, numa abstração de espaço e tempo, Alexander sentia o toque da boca de Salvador em cada parte do seu corpo e sobressaltava-se a cada novo pousar de lábios. Pousou-lhe as mãos na cabeça, embrenhando-as no cabelo escuro cortado curto. Ele beijou-lhe o umbigo. Sentiu a ponta da língua a introduzir-se na cavidade e as lágrimas simplesmente assomaram-lhe aos olhos. Corriam em torrente pelas faces, pingando para o torso, escorrendo peito abaixo. Abriu os olhos. A evidência, aquilo que se procura uma vida inteira, o motor acelerador da existência, estava ali. À mão de semear.
 

7 comentários

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    Sónia Pereira 11.01.2017

    Eu nem li nem vi o filme. Mas já agora, que tal é o filme? Saíste do cinema com umas ideias malucas para pôr em prática ou o que dizem daquilo é só marketing?
    Quanto ao meu texto, é um pequeno excerto de uma história que escrevi. Este excerto tem um tanto de homoerótico, mas nada de especial. Não tenho jeito para escrever erotismo.
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    Narciso Santos 11.01.2017

    O Filme é horrível, de erótico e de ideias não tem nada, acho que foi uma mega campanha de Marketing para vender tanto, pior é que são 3 livros logo são mais 2 filmes. A minha M. não me apanha a ver os outros 2 filmes, aliás ela leu os livros e diz que se recusa a ver os filmes de tão mau que são.
    Quanto ao teu "não erotismo" continua, eu faço uma campanha de marketing para eles e ficamos ricos a vender direitos a Hollywood.
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    Sónia Pereira 11.01.2017

    Não sei não. Acho que com o erotismo gay não funciona.:) Não sei se o teu plano de marketing nos consegue fazer ricos. :)
    Pois, também tenho a ideia de que os livros dessa saga são uma porcaria. Nunca experimentei ler esses, mas tentei ler um do género que me ofereceram. Visitei uma gráfica no âmbito do mestrado que fiz recentemente e ofereceram aos alunos um exemplar de uma autora de livros desse tipo. Na contracapa apelidavam o livro de melhor do que os 50 sombras de grey. Só consegui ler umas 10 páginas. A escrita era muito pobre mesmo, cheia de lugares comuns. Mas vende e o resto é conversa.
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    Narciso Santos 11.01.2017

    Sabes que o mercado "gay" é um mercado muito apetecível pelas marcas, pois por normal as pessoas com esta orientação são pessoas de classe média alta, também á de outras classes, mas o "bolo" é a classe média alta.
    Muitas marcas já estão a tentar entrar neste nicho de mercado.
    Quem sabe se o erotismo gay não funcionará, não pode é ser erotismo brejeiro...
    Mas posso testar com amigos gays e fazer uma amostra de mercado.
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    Sónia Pereira 11.01.2017

    Há uns tempos abriu uma chancela de uma editora que só editaria romances gays/lésbicos. Mas aquilo acabou por não dar em nada. No estrangeiro, em mercados editoriais grandes, é capaz de resultar. Por cá o mercado é pequeno e dominado pelas caras conhecidas do costume. Eu, embora heterossexual, gosto de ler literatura gay, mas não haverá muita gente como eu (penso eu de que, como diz o outro).
    E claro, quanto a escrever, nada de erotismo brejeiro. A história de onde este excerto é tirado não tem sequer os dois personagens gays como história central e as partes de descoberta física dos dois, acho que nem sequer as poderei considerar eróticas. São contidas, apenas exploratórias. É preciso muita habilidade para escrever erotismo. Facilmente se cai em terrenos foleiros. Tem de haver envolvência, mas com classe, e isso não é fácil.
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    Narciso Santos 11.01.2017

    Basicamente foi o que eu disse, para escrever algo que valha a pena e não azeitarices.
    Quanto ao erotismo gay, desconheço por completo, nunca li nada do género, o mais parecido foi o que li de ti agora.
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