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Quimeras e Utopias

Quimeras e Utopias

O universo gay para a mulher heterossexual: curiosidade, fetiche ou universo escapista essencial?

Corria a década de noventa do século XX e eu, uma adolescente viciada em música e livros e que aspirava estudar cinema, vivia uma invulgar obsessão, uma curiosidade por um mundo particular, que não era o meu.

Desde que tenho memória, o universo homossexual masculino sempre surtiu em mim um estranho efeito apelativo. Olhando numa perspetiva histórica para esse passado, o da minha adolescência, alguns poderão justificar essa pretensa obsessão devido à obscuridade (a nível de representação artística) que os homens gays e as suas histórias tinham na época, ainda para mais num país como Portugal. Não era de todo fácil encontrar livros ou filmes em que uma personagem homossexual fosse representada e assim o pouco que encontrava, apreciava-o como se de um tesouro se tratasse.

Mas de onde vinha esta minha tara? E era uma tara, obsessão, uma curiosidade, era exatamente o quê? Durante estes vários anos nunca pensei muito em me justificar e bastava sentir-me bem a navegar naquele universo que não era o meu e no qual não estava representada, para continuar na minha senda por esses representações literárias e cinematográficas ─ a busca por uma total e completa representação daqueles que estavam num espetro afetivo tão distante do meu.

Foram precisas três décadas para finalmente me questionar e o questionamento vem porque a obsessão persiste. E se a pergunta agora se impõe é porque percebo, com alguma surpresa, que não estou sozinha. Se na adolescência eu era a rainha das cenas gays, agora eu sou um pequeno peão num gigantesco mercado. Se antes eu era a esquisita que vasculhava livros obscuros na biblioteca ou numa livraria, agora não preciso sequer de pedir, vasculhar, procurar. Há-os à farta, em vários registos, em vários formatos artísticos e de entretenimento.

E esta constatação não vem em tom de crítica. Olho em volto e falando com algumas adolescentes de agora (haverá frase com maior força para me atirar para os confins da meia idade do que esta?), percebo que também elas partilham em muito desta adoração por este universo LGBTQIA+. E o mercado obedece. Chegados à década de vinte do século XXI, vemos o entretenimento e a arte supostamente atentos e preocupados com as minorias, principalmente as minorias no que à orientação sexual e identidade de género diz respeito. Mas será que estão? Preocupados?

Percorrendo alguns canais de Youtube sobre este tema, é recorrente o surgimento de uma opinião interessante: todo o conteúdo LGBTQIA+ não é propriamente direcionado a um público LGBTQIA+ (e nunca o seria em exclusivo). Os conteúdos são direcionados para a fatia de público que mais os demanda, que os procura e que, sendo uma fatia gigante, é a fatia a se agradar: adolescentes e mulheres heterossexuais. E nesta obediência do mercado ao público que lhe rende, há em mim um rol de emoções algo ambivalentes. Por um lado, pergunto-me se os nossos gostos não estarão a ferir (de alguma forma) uma minoria até agora silenciada e marginalizada, por outro lado, não sinto culpa pela submissão dos mercados, por uma razão muito simples: enquanto mulher, vi durante toda a minha vida os “produtos” artísticos serem produzidos, pensados, desenhados, tendo em conta quase exclusivamente um público masculino. Mesmo aquilo que supostamente era direcionado a nós, mulheres, que nos tinha como público preferencial, era moldado sob uma tutoria masculina. E nós acabamos a olhar o mundo de uma forma muito deformada por esses óculos que não eram os nossos. Agora, ouvindo o tinir dos sinos do lucro, eles decidiram ouvir-nos a nós. Se há algo de retorcido nesta constatação, há-o certamente e não sei bem o que sentir relativamente a isso.

Na atualidade, no segmento editorial Young Adult, as novidades de livros queer são diárias, embora também as haja entre o segmento de literatura convencional, no streaming, entre filmes e séries para um público mais adolescente ou mais adulto, as ofertas também são variadas. É difícil passar mais de uma semana sem uma novidade numa das plataformas ou no cinema. E temos séries como Heartstopper (Netflix) transformada num sucesso, com milhares de fãs em todo mundo ou o filme da Amazon Prime Red, White and Royal Blue a aparecer como um dos filmes mais visionados da plataforma em questão.

E não havendo nenhum mal nisso, em se direcionar um conteúdo para um público que o quer, surge, no entanto, algumas preocupações, vindas principalmente do público LGBTQIA+:

        Estarão, nesta agora mais comum representação queer, as personagens masculinas representadas de uma forma mais heteronormativa para agradar o público feminino heterossexual?

        Haverá uma espécie de adaptação heterossexual (a vários níveis: sexual, social, cultural) de um universo que não o é, para agradar a um público específico?

        Havendo uma abundância de representação homossexual masculina, porque é que é tão difícil ainda agora encontrar uma maior representação sáfica? Será porque o público feminino heterossexual não se interessa?

        Haverá uma espécie de fetiche feminino por estas representações homossexuais masculinas?

Olhando agora para a minha pilha de livros, dos últimos que li este ano, passando os olhos pelos belíssimos Nadar no Escuro de Tomasz Jedrowski e Young Mungo de Douglas Stuart, recordando as imagens do filme God’s Own Country, um dos poucos filmes em que espetei com cinco estrelas no Letterbox ou ainda o ridículo, adolescente e adorável (filme e livro) Red, White and Royal Blue, vem a pergunta milionária: porque é que gosto disto, porque é que um universo afetivo, sexual, cultural, social, que para mim aparece como um universo fantástico (pois não lhe pertenço), se apresenta como o universo onde quero estar?

Pesquisando aqui e ali, analisando-me e aos que me rodeiam e que partilham do mesmo gosto, talvez seja possível chegar a um punhado de respostas, embora ache que uma tese na área da psicologia pudesse ser interessante, porque tudo o que disser será de índole muito superficial:

         ─ Aquilo que causa estranheza aos outros nesta identificação peculiar é na realidade a chave da explicação: identifico-me com a história de um homem gay, com a história romântica ou de superação de um homem gay porque não estou lá representada. E pensando num universo afetivo onde não se está representado, concluiu-se que não é possível estabelecer comparações.

Como adolescente, sempre fui muito insegura a vários níveis. Achava que não era suficiente em nada: no aspeto físico, na beleza, na inteligência, na capacidade de superação. Medíocre ou mediana como um todo. Suponho que esta sensação avassaladora de se estar aquém tenha moldado em muito a minha forma de ver e aceitar o mundo à minha volta. E talvez o mesmo se passe com as adolescentes de hoje em dia. E a única forma de se experienciar um mundo onde existe amor, beleza, superação e revolução, é procurando um universo onde não se esteja, onde não seja possível estabelecer nenhum tipo de confronto comparativo: ela é melhor do que eu, mais bonita, mais elegante, mais inteligente, mais capaz, mais independente, mais otimista, mais simpática, mais astuta, mais destemida.

Onde não havia elas, só eles, eu podia estar, porque não havia nenhum espelho onde pudesse ser confrontada pelo meu pobre reflexo.

         ─ Outro dos fatores de interesse é o que classifico de desconstrução de estereótipos de género. As figuras masculinas que tinha como referência há trinta anos eram figuras que facilmente cairiam numa comum caracterização do sexo masculino: homens que irradiavam uma masculinidade tóxica, muito machos, mesmo entre os adolescentes borbulhentos da escola, com grande dificuldade em demonstrar afeto e que criticavam fortemente quem (de entre eles) o fizesse. O gesto era comedido, a não ser que se estivesse no campo da abordagem sexual, onde aí era dominante, mais agressivo. Tudo o que era da ordem das emoções era maricas, efeminado, coisas de gaja.

No entanto, num universo onde não havia mulheres para se dominar, submeter, mostrar superioridade, esses estereótipos de género eram subvertidos, quebrados. Pegava em Maurice de E. M. Foster e encontrava Maurice dominado por uma afeição, um amor por Clive, que não lhe permitia uma expressão física desse afeto, e encontrava um tipo de homem que não existia na minha realidade. Um homem que não tinha medo das suas emoções, que mesmo se sentido ameaçado pelos seus sentimentos impossíveis, decidia ir contra a corrente, ser aquilo que o invadia: desejo, afeto, carinho, amor.

Esta quebra, subversão de uma construção de género acabou por ser, para mim, enquanto adolescente, uma das principais motivações para a procura daquele tipo específico de objeto artístico. O que ali se encontrava era uma suavização do que era áspero, bruto, empedrado. Para mim, se pensasse em igualdade de género, era nisso que pensava: alguém capaz de sentir e demonstrar o que sentia para além da convenção, alguém capaz de chorar como eu.

         ─ Por último, o que aquele universo trazia e era de difícil replicação num qualquer outro universo era a batalha e superação daquilo que era proibido, criticado, mesmo que o protagonista estivesse sujeito a injúrias por ser aquilo que era.

Grande parte da literatura gay e lésbica da minha adolescência estava focada precisamente no conceito base do crime/proibição/pecado/censura e crítica social. Aquelas pessoas ali retratadas eram, só por sentirem paixão/desejo/amor por alguém do mesmo sexo, a face do crime e um gesto de afeto era uma transgressão. Assim, aquelas demonstrações afetivas ali retratadas tinham uma valoração diferente de qualquer outra que pudesse ser demonstrada por um homem heterossexual por uma qualquer mulher. Não havia no meu universo heterossexual qualquer possível paralelo com aquilo, pois nem eu nem nenhum homem heterossexual teria de superar tais obstáculos, ver as suas demonstrações de afeto serem consideradas nojentas ou criminosas, alvo de escrutínio público, sujeitas a sanções. O peso do meu afeto heterossexual nunca poderia ser tamanho, tão extremo, tão evidente. Tão imenso. Havia assim um elemento épico que não encontrava em mais lado nenhum, a não ser naquele universo.

Em suma, a possível identificação, mas sem elementos de comparação, a subversão de certos estereótipos de género, a suavização da masculinidade e o elemento épico, sem paralelo na minha vida, serão, os elementos que mais facilmente encontro como justificação de uma preferência literária/artística e de entretenimento. Talvez se tivesse sido uma adolescente carregada de auto estima, as minhas leituras tivessem sido outras. É bem possível. Ou talvez não.

Depois deste pequeno exorcismo, desta psicanálise do meu eu adolescente, deixo apenas uma referência à questão do fetichismo. Não me parece que esta acusação de fetichização tenha fundamento, no sentido em que, tanto no entretenimento como na arte no geral procuramos pontos de fuga, mas também pequenos lugares de identificação. O que nos leva à escolha de um livro, de um filme para ver ou até mesmo de uma exposição de arte, são os lugares de identificação, mesmo que esta aconteça através do desconforto, da desorientação. Há sempre um Eu a procurar um buraco de fechadura para espreitar.

O nosso Eu é dominante, mesmo quando pretendemos subjugá-lo e esvaziarmo-nos dele. O que quer dizer que, de certa forma, ou chamamos outra coisa a essa procura do nosso Eu naquilo que nos rodeia ou então teremos de classificar toda e qualquer relação com a arte e o entretenimento como fetichista.

Gods own country.jpg

God's Own Country, de Francis Lee (2017).

Young MUngo.jpeg

Young Mungo, de Douglas Stuart (2022)

Tabus: o suicídio

Falar de suicídio é falar de um assunto tabu. Olhando para a vida como um bem pessoal próprio, seria normal considerar que cada um poderia e deveria, a seu bel-prazer, dispor desse mesmo bem. No entanto, condicionantes várias fizeram evoluir (não necessariamente na aceção de melhorar), ao longo dos séculos, a forma como vemos essa disposição da própria vida por parte dos seres humanos, transformando o suicídio num tema sensível.

 

Antes de mais, penso que poderei dividir o suicídio em três categorias (divisão simples e talvez simplista): o suicídio motivado por razões passionais (uma dívida impagável, um amor não resolvido, uma traição, uma situação extrema de vida), o suicídio motivado por questões médicas (pessoas com determinadas perturbações psiquiátricas ou neurológicas terão, como sintoma próprio da doença, maior propensão para cometer suicídio) e o suicídio racionalizado ou de índole existencialista. Embora, em muitos casos, os suicídios possam estar fundeados em motivações que abranjam mais do que uma categoria.

 

Afastando-me dessa categorização, tento observar e compreender aquilo que nos leva a considerar a vida como um bem inalienável e como tal, a considerar o suicídio como um ato grotesco. A religião terá, certamente, um peso considerável na forma como vemos a morte infligida pelo próprio. Na religião católica, o dogma centra-se na questão da vida de cada um de nós pertencer a deus e não ao próprio e, como tal, só deus poderá tirar aquilo que nos deu. O suicídio afigura-se assim como um pecado porque a pessoa, de forma arrogante, substitui-se ao papel de deus (decide por si aquilo que não estará nas suas mãos decidir). Este dogma, embora religioso, entranhou-se em todas as fissuras sociais e culturais. É uma aceção quase generalizada de que a vida não é bem pessoal e como tal, não pode ser inalienável por quem a possuiu. E mesmo quando há um afastamento relativamente aos conceitos religiosos, ainda assim existe alguma resistência em se considerar a vida como algo de gestão pessoal, onde se possa delimitar contornos, inícios e fins.

 

Relembro um documentário que vi sobre uma das vítimas do atentado de 11 de setembro. Várias pessoas, num ato de aflição, cometeram suicídio naquele dia fatídico, saltando dos andares cimeiros das torres atingidas. Uma dessas pessoas ficou imortalizada através de uma poderosa fotografia. «The falling man», uma imagem de uma simplicidade dolorosa, mostra o encerrar de uma vida, um final motivado pelo medo, pelas chamas e o fumo em aproximação. Num documentário baseado numa investigação jornalística, tentaram chegar à identidade do homem em queda (ainda hoje desconhecida). Os jornalistas acreditaram ter descoberto o nome do suicida, mas esbarraram com uma total recusa da própria família em acreditar que aquele homem em queda era o seu ente querido. Para a família, extremamente religiosa, nada poderia levar o seu ente querido ao suicídio, nem mesmo a mais extrema das dores. A recusa em ligar o seu filho àquele ato considerado pecado, levou os pais a desconsiderar a investigação jornalística e a recusar liminarmente a identificação. Em suma, para alguns, o medo do pecado e a crença que as suas vidas estão nas mãos de deus terá sempre mais força do que qualquer situação extrema em que a vida os possa colocar.

The_Falling_Man.jpg

Fotografia de Richard Drew, Associated Press

 

No entanto, saindo dos terrenos dos dogmas e dos pecados, mesmo assim assumo que em nós, humanos, existe um qualquer dispositivo interno, talvez uma predisposição genética para a salvaguarda da vida. Talvez (e digo talvez porque discorro apenas baseada nas minhas ideias e sem qualquer suporte académico e científico para o fazer), o nosso ADN reserve o segredo desta abominação ao atentado à vida, uma forma de nós, seres humanos, podermos preservar e fazer vingar a nossa espécie. Mesmo auxiliados pelo nosso raciocínio, com a capacidade de ir além do óbvio, do material, de podermos seguir para o pensamento crítico e abstrato, temos em nós um instinto natural de preservação (nossa e dos outros). Se pudermos, impediremos um suicida de saltar de uma ponte e se não o conseguirmos, a imagem da sua morte perseguir-nos-á eternamente.

 

Para finalizar este tema, recordo um texto que li há uns bons anos. Quando lia o livro Atlas das Nuvens de David Mitchell, sublinhei esta passagem sobre o suicídio. É parte de uma carta que o personagem R.F. deixa a Sixsmith antes de cometer suicídio. Procurando o livro pelas estantes, lá o achei, assim como o meu sublinhado a lápis nas páginas 567 e 568. Acho que define de forma seca e sem arestas a decisão de um suicídio racionalizado, um ato pensado e pessoal.

 

Os amantes desprezados, os que choram por socorro, todos os lamurientos trágicos que dão mau nome ao suicídio são os idiotas que se precipitam, como condutores amadores. Um suicídio verdadeiro é uma convicção calma e disciplinada. As pessoas pontificam: «Suicídio é Egoísmo». Os eclesiásticos de carreira como o meu pai estão um passo mais à frente e chamam-lhe um cobarde atentado contra os vivos. Os imbecis questionam os suicidas por várias razões: para evitarem acusações de culpa; para impressionarem o seu público com a sua fibra mental; para expandir a raiva; ou simplesmente porque lhes falta a capacidade de sofrimento necessária para uma verdadeira compaixão. A cobardia não tem nada a ver — o suicídio implica uma dose considerável de coragem. Os japoneses é que têm a ideia certa. Não, egoísmo é exigir a alguém que aguente uma existência intolerável apenas para poupar às famílias, aos amigos e inimigos uns momentos de introspeção.

Atlas das Nuvens, David Mitchell, Dom Quixote (páginas 567 e 568)

 

Esta foi apenas uma pequena e singela introspeção sobre o tema suicídio, num novo tag que inauguro hoje — Tabus.

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