Passeios de fim de semana: Batalha e Porto de Mós
Quando era criança e adolescente, fazendo parte de uma família católica, fazíamos visitas regulares a Fátima. Nessas viagens, para além da visita ao santuário, era habitual pararmos na Batalha para visitarmos o Mosteiro. Com o avançar dos anos e com o meu crescente afastamento da religião, chegando ao ponto de completa rutura, as viagens a Fátima deixaram de fazer parte da minha rotina de passeios. Com o fim das visitas ao santuário, também o mosteiro acabou por ficar negligenciado e já há vários anos que não o visitava, apesar de ser, pela sua imponência, um dos meus monumentos favoritos aquando era adolescente.
Assim, há um par de fins de semana atrás, decidimos fazer um passeio e a zona centro acabou por ser a eleita para a nossa visita. Deixo aqui um pequeno vislumbre da visita a dois dos monumentos que visitei.
Revisitei o Mosteiro da Batalha e, apesar do meu olhar adulto já não se deixar impressionar tão facilmente, não deixa de ser um monumento impressionante. O mais cativante não será sequer o tamanho do edifício, mas o trabalho decorativo intrincado do mesmo. O rendilhado ornamental de todo o mosteiro, característico do estilo manuelino, deixa antever as horas intensas de trabalho, a atenção aos detalhes que vão ao mais ínfimo pormenor, fazendo do edifício uma obra de arte arquitetónica, muito mais do que um templo, um lugar de culto. Para além da arquitetura intrincada, os vitrais são muito interessantes, talvez o mais atrativo quando se entra nas capelas, relegando para segundo plano os mausoléus. Não farei maior dissertação sobre as qualidades e detalhes arquitetónicos dos vários espaços que compõem o mosteiro por uma única razão: a minha completa incapacidade e falta de conhecimento na área (história, arquitetura).
Mosteiro da Batalha - portal principal
Vitrais - capela do fundador
Vitrais
Pormenor da abóbada da capela do fundador.
Vista dos claustros superiores do mosteiro.
Mandado construir em 1386 por D. João I, como forma de agradecimento (à Virgem Maria) pela vitória na Batalha de Aljubarrota, a construção demorou dois séculos, passou pelas mãos de diversos arquitetos e atravessou o reinado de sete reis. É possível perceber as várias fases da construção, apesar da coerência arquitetónica.
Mesmo afastando-me de qualquer olhar religioso sobre o local, é um monumento que merece uma visita pela sua impressionante arquitetura, pelos séculos de história que ali se encerram, pela magnificência que a construção transpira em cada detalhe.
Detalhes arquitetónicos da fachada do mosteiro.
Na vila da Batalha é ainda possível visitar a ponte da Boutaca, um viaduto do século XIX, e o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota (este último não cheguei a visitar).
Seguindo para a vila de Porto de Mós, a visita ao castelo impôs-se. A cobertura em cerâmica de várias tonalidades de verde dos coruchéus, tornam o castelo numa obra singular com um visual único. A arquitetura do espaço sofreu várias alterações e renovações ao longo dos séculos. Quando Porto de Mós foi tomada aos mouros em 1148 por D. Afonso Henriques, já ali existia algum tipo de edificação, mas os séculos seguintes é que redefiniram o castelo como ele hoje se conhece. E as intervenções profundas que começaram em 1936 tiraram o monumento da degradação e decadência em que tinha mergulhado. Agora, ao entrar na vila á noite, é impossível não se sentir o impacto visual do castelo iluminado que parece flutuar no espaço, como se edificado em cima de uma nuvem.
Coruchéu com revestimento cerâmico, Castelo de Porto de Mós.
Detalhes arquitetónicos da edificação.
Castelo de Porto de Mós. Todas as fotografias do post são de fonte própria, à exceção desta última, que foi retirada daqui.
O passeio de fim de semana deu apenas para mais umas visitas aos moinhos de vento da zona, à aldeia histórica de Pias do Urso, que tem um eco parque sensorial e ao miradouro da Fórnea. Para outra altura, ficou a visita às grutas de Mira d’Aire (o frio não convidava).
Foi um passeio com uma certa carga nostálgica, emoção que fornece uma forma de olhar diferente sobre os locais vistos, mesmo quando estes já foram visitados no passado.