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Quimeras e Utopias

Quimeras e Utopias

Existencialismo primaveril

Ataques terroristas um pouco por todo o lado, manipulações informativas, jogos geopolíticos no médio-oriente, alegadas obstruções à justiça do presidente dos E.U.A., eleições no Reino Unido… Um tanto esmagador a acontecer que se transforma num nada. Um tsunami de acontecimentos que já me parece uma localidade varrida pela água, onde nada sobra, nada resta.

 

Olho para as 150 páginas que compõem a totalidade dos meus escritos para este blog e pergunto-me qual a relevância, a razão de ser destas palavras, o que acrescentaram, o que questionaram e a resposta não chega. Instala-se o vazio, a vontade esvai-se e todos os possíveis temas anotados no caderninho sabem a pouco, tudo aquilo que gostaria de dissecar parece carecer de substância. Mais vale estar quieta, não acrescentar ruído, observar e ouvir ao invés de matraquear.

 

Deixo-vos apenas dois pequenos fragmentos daquilo que ainda interessa. A natureza que não falha, alheia aos excessos humanos.

 

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Andorinhas a descansar no fio, preparando-se para novos voos acrobáticos.

 

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Um melro fêmea a prescrutar a curiosidade dos seus observadores. No quintal, um som forte e repetitivo fez-nos imaginar que um pica-pau nos teria vindo visitar. Afinal, era apenas a senhora melra a bater com algo no muro. Supomos que fosse algum tipo de fruto, mas ainda é cedo para as nozes, fruto de casca rija que justificaria tal alarido. O que quer que fosse que ela tentava partir, arremesando contra o muro repetidamente, conseguiu. A seguir por ali ficou a refastelar-se com o seu repasto.

 

Nota: fotografais da autoria do meu marido, Pedro Neno.

Passeios de fim de semana: Batalha e Porto de Mós

Quando era criança e adolescente, fazendo parte de uma família católica, fazíamos visitas regulares a Fátima. Nessas viagens, para além da visita ao santuário, era habitual pararmos na Batalha para visitarmos o Mosteiro. Com o avançar dos anos e com o meu crescente afastamento da religião, chegando ao ponto de completa rutura, as viagens a Fátima deixaram de fazer parte da minha rotina de passeios. Com o fim das visitas ao santuário, também o mosteiro acabou por ficar negligenciado e já há vários anos que não o visitava, apesar de ser, pela sua imponência, um dos meus monumentos favoritos aquando era adolescente.

 

Assim, há um par de fins de semana atrás, decidimos fazer um passeio e a zona centro acabou por ser a eleita para a nossa visita. Deixo aqui um pequeno vislumbre da visita a dois dos monumentos que visitei.

 

Revisitei o Mosteiro da Batalha e, apesar do meu olhar adulto já não se deixar impressionar tão facilmente, não deixa de ser um monumento impressionante. O mais cativante não será sequer o tamanho do edifício, mas o trabalho decorativo intrincado do mesmo. O rendilhado ornamental de todo o mosteiro, característico do estilo manuelino, deixa antever as horas intensas de trabalho, a atenção aos detalhes que vão ao mais ínfimo pormenor, fazendo do edifício uma obra de arte arquitetónica, muito mais do que um templo, um lugar de culto. Para além da arquitetura intrincada, os vitrais são muito interessantes, talvez o mais atrativo quando se entra nas capelas, relegando para segundo plano os mausoléus. Não farei maior dissertação sobre as qualidades e detalhes arquitetónicos dos vários espaços que compõem o mosteiro por uma única razão: a minha completa incapacidade e falta de conhecimento na área (história, arquitetura).

Mosteiro batalha.jpg

Mosteiro da Batalha - portal principal

 

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Vitrais - capela do fundador

 

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Vitrais

 

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Pormenor da abóbada da capela do fundador.

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Vista dos claustros superiores do mosteiro.

 

Mandado construir em 1386 por D. João I, como forma de agradecimento (à Virgem Maria) pela vitória na Batalha de Aljubarrota, a construção demorou dois séculos, passou pelas mãos de diversos arquitetos e atravessou o reinado de sete reis. É possível perceber as várias fases da construção, apesar da coerência arquitetónica.

 

Mesmo afastando-me de qualquer olhar religioso sobre o local, é um monumento que merece uma visita pela sua impressionante arquitetura, pelos séculos de história que ali se encerram, pela magnificência que a construção transpira em cada detalhe.

Mosteiro_detalhes.jpg

Detalhes arquitetónicos da fachada do mosteiro.

 

 

Na vila da Batalha é ainda possível visitar a ponte da Boutaca, um viaduto do século XIX, e o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota (este último não cheguei a visitar).

 

Seguindo para a vila de Porto de Mós, a visita ao castelo impôs-se. A cobertura em cerâmica de várias tonalidades de verde dos coruchéus, tornam o castelo numa obra singular com um visual único. A arquitetura do espaço sofreu várias alterações e renovações ao longo dos séculos. Quando Porto de Mós foi tomada aos mouros em 1148 por D. Afonso Henriques, já ali existia algum tipo de edificação, mas os séculos seguintes é que redefiniram o castelo como ele hoje se conhece. E as intervenções profundas que começaram em 1936 tiraram o monumento da degradação e decadência em que tinha mergulhado. Agora, ao entrar na vila á noite, é impossível não se sentir o impacto visual do castelo iluminado que parece flutuar no espaço, como se edificado em cima de uma nuvem.

Castelo Porto Mós.jpg

Coruchéu com revestimento cerâmico, Castelo de Porto de Mós.

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Detalhes arquitetónicos da edificação.

 

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Castelo de Porto de Mós. Todas as fotografias do post são de fonte própria, à exceção desta última, que foi retirada daqui.

 

O passeio de fim de semana deu apenas para mais umas visitas aos moinhos de vento da zona, à aldeia histórica de Pias do Urso, que tem um eco parque sensorial e ao miradouro da Fórnea. Para outra altura, ficou a visita às grutas de Mira d’Aire (o frio não convidava).

 

Foi um passeio com uma certa carga nostálgica, emoção que fornece uma forma de olhar diferente sobre os locais vistos, mesmo quando estes já foram visitados no passado.

Bichos do meu quintal — terapia da abstração

Numa tentativa de abstração da «realidade lá fora», penso na natureza e nas suas mutações cíclicas, na ingenuidade das estações sobre os atos dos homens e suas repercussões, na simplicidade de ser pássaro ou ser planta.

 

Vivo numa zona rural, junto ao rio, o que gera uma convivência, mesmo que imposta, com toda a espécie de bicho. O pavor de insetos ou repteis, que algumas pessoas têm como fobia, seria coisa difícil de gerir no local onde vivo. No meu quintal e mesmo dentro de casa, estaciona todo o tipo de animal. Aranhas (algumas com um tamanho respeitável/assustador), centopeias (bicho que cisma que dentro de casa se está melhor do que lá fora), grilos, gafanhotos, caracóis, lesmas (no inverno, são mais que as mães), libelinhas, louva-a-deus, bicho-pau, pirilampos, lagartixas (muitas, centenas), lagartos, sapos e cobras.

gafanhoto.jpg

 

Pelo ar, esvoaçam melros palradores, gaios, gralhas chatas nas suas conversas estridentes, corvos, pardais, guarda-rios e, usando os galhos das árvores da beira do rio como pouso, duas garças. Estas últimas, chegam pela manhã, fazendo um voo baixo junto à água, fazendo-se anunciar com uns quantos grasnados. Finjo que me cumprimentam e respondo-lhes às saudações matutinas.

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Um dos habituais residentes do meu quintal era um sapo imponente. Viveu por aqui durante anos até ao verão passado. Desapareceu misteriosamente depois da visita de uma longa cobra de pele exuberante. Ter-lhe-á servido de refeição? Só a visitante fugidia poderá confirmar, mas é possível.

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A exuberância da natureza nas suas diversas expressões ofusca por instantes a urgência do «caos lá fora». E só assim será possível conservar uma réstia de sanidade, coisa boa de se ter por esta altura.

 

Nota: Todas as fotografias são minhas.

Flores selvagens de primavera

Alheias às polémicas do José Cid, das "descobertas históricas " e falta de leitura do José Rodrigues dos Santos e das manifestações amareladas, as flores selvagens da primavera pontilham de várias cores a paisagem verde num prenúncio da aproximação do verão.


Pena as fotografias não terem poder para transmitir o murmurejar das águas invisíveis, a brisa estival e o aroma florestal da paisagem.


(Eco-pista de Sever do Vouga)

Fotografias de Sónia Pereira

 

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flores_ecopista.jpg

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Cascata Poço do Linho - passeios de fim de semana

Num dos passeios de fim de semana, encontrei esta cascata junto a uma ponte que liga os lugares de Paraduça e Ervedoso (concelho de Vale de Cambra). As fotografias não fazem jus à beleza do local, ficando áquem do que os olhos veem. No verão, imagino a possibilidade de uns banhos nas águas frias e límpidas do pequeno lago da cascata, imagino o silêncio próprio das localidades pequenas, apenas recortado por um carro ou outro que passará na ponte, o chilreio dos pássaros abafado pelo som da água em queda.

Este local faz parte da Rota da Água e da Pedra e é um dos magníficos tesouros naturais da região a se visitar.

Rota da água e da Pedra

 

Cascata poço de linho.jpg

SAM_0041.JPG

 

 

 

 

 

 

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