Stoner — John Williams
Ao ler um post noutro blog sobre o livro Butcher’s Crossing de John Williams, recordei uma leitura do ano passado, o livro Stoner, do mesmo autor. Ainda na sequência do meu último post sobre a minha incapacidade analítica, este livro figura como a prova de uma valente ressaca literária da qual me recuso proceder a uma análise que a explique.
A personagem principal é um homem com uma existência mediana, com vivências medianas, amores medianos, sucesso académico mediano, no entanto, a minha leitura foi obsessiva, compulsiva, sem que o resumo da narrativa objetivamente tal justificasse. Na reta final, passei uma manhã a ler, descurando outros afazeres, e quando acabei e fechei o livro, o que ficou foi um grande vazio, uma tristeza imensa. Consigo vislumbrar a explicação das minhas emoções, mas não quero, prefiro fechar os olhos a essas análises, prefiro manter intacta a crueza das emoções daquela manhã e dos três ou quatro dias posteriores. Normalmente, quando acabo um livro começo a ler logo outro, mas o mesmo não aconteceu depois de Stoner. Passei dias sem conseguir ler, sem olhar para a capa doutro qualquer livro. E quase um ano passado depois da leitura de Stoner, a memória emocional persiste, fazendo-o brilhar acima de umas dezenas de outros livros também lidos no ano passado.
Stoner de John Williams, Editora D. Quixote