Piolhos psicológicos
A palavra piolho tem um estranho efeito psicossomático em que a ouve ou a lê. Umas quantas letrinhas, uma singela palavra, que inevitavelmente me levam as mãos à cabeça, a coçar freneticamente, numa tentativa de aplacar a comichão que por ali se instalou, mal a palavra foi ouvida ou as letras que a compõem lidas.
O meu filho, no início da semana, trazia um aviso escrito na caderneta escolar, que pedia aos educadores para verificarem as cabeças dos seus educandos. O efeito perverso do aviso é que a palavra piolho nem sequer por lá estava escrita, mas a presença dos bichinhos na cabeça de alguma criança da turma estava implícita. Mal li o aviso, comecei a coçar-me de imediato. Depois de verificar a cabeça do meu miúdo e perceber que por lá não andavam moradores indesejados, mesmo assim a minha comichão não desapareceu. Entretanto, já pus o meu marido à procura dos meus piolhos imaginários e nem o facto dele não ter caçado ou sequer detectado nem um pequenino, nem um desgraçado de um pequeno bebé piolho, me sossegou. Neste momento, sofro de piolhos psicológicos e não desejo desagradável maleita a ninguém.
Imagem retirada daqui.
Nota: depois de uma longa ausência, os piolhos foram o mote do regresso ao meu blog. A comichão sempre serviu para alguma coisa. Desinquietar, destabilizar, meter a engrenagem a funcionar novamente.