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Quimeras e Utopias

Quimeras e Utopias

Overdose noticiosa

No Brasil, o presidente Temer foi gravado a autorizar um suborno a Eduardo Cunha, em troca do seu silêncio. Eduardo Cunha está preso no âmbito da operação Lava Jato e o dinheiro supostamente serviria para comprar o seu silêncio na prisão. O mesmo empresário (Joesley Batista, da empresa JBS, uma das maiores produtoras de carne do mundo) que denunciou Temer através da referida gravação, denunciou ainda Aécio Neves, presidente do PSDB, denunciando que este lhe pedira dois milhões de reais. As entregas dos referidos montantes a terceiros envolvidos nos esquemas (compra do silêncio de Cunha e a entrega do montante a Aécio) foram filmadas pela Polícia Federal Brasileira.

 

Nos E.U.A., a política interna mais parece uma má novela mexicana. Cada dia chega ao conhecimento público mais uma acha para a fogueira do escândalo. O diretor do FBI foi demitido pelo presidente Trump numa altura em que eram investigadas por Comey, diretor do FBI, supostas ligações da campanha presidencial de Trump à Rússia. No dia seguinte ao despedimento difícil de justificar, Trump encontra-se na sala oval com o embaixador russo e com o ministro dos negócios estrangeiros russo, Sergei Lavrov.  Segundo noticia o jornal Washington Post, nesta mesma reunião, o presidente Trump terá revelado informação confidencial aos dois convidados russos, informação essa fornecida por um aliado dos E.U.A. e altamente sensível. Ainda na saga de Comey, o presidente terá repetidas vezes pedido a lealdade do diretor do FBI, sempre recusada por este que apenas lhe ofereceu a sua honestidade. Como última achega à já incendiada situação, O New York Times veio revelar um memorando do diretor Comey, de fevereiro, onde este descreveu uma reunião que teve a sós com o presidente Trump e onde este lhe pediu que encerrasse a investigação a Michael Flynn, na altura assessor demissionário do presidente para a segurança nacional. É de recordar que Flynn foi afastado depois de descobertas as suas estreitas relações com figuras proeminentes russas e da natureza das suas conversas com o embaixador russo.

Por terras do tio Sam já se começa a falar na «I word», pois a acusação de obstrução à justiça começa a ganhar força e o impeachment do presidente não parece coisa assim tão descabida de se imaginar.

 

Na Itália, a polícia revelou a detenção de uma rede de mafiosos que durante quase uma década explorou um centro de refugiados em Lampedusa, com a conivência de uma associação católica que oficialmente geria o centro de acolhimento de migrantes e refugiados. Através do fornecimento de serviços ao centro, como refeições, serviço de lavandaria, foram desviados milhares de euros que deveriam ser destinados aos refugiados e que acabaram nas mãos da máfia e na conta do padre que era o diretor da associação católica. O financiamento estatal que deveria providenciar uma vida digna (alojamento e alimentação digna) aos milhares de refugiados que estiveram neste centro, foram assim desviados durante anos gerando lucros astronómicos àqueles que não se importam de lucrar com a miséria alheia.

 

No México foi assassinado a tiro Javier Valdez, reputado jornalista conhecido pelas suas investigações na área do narcotráfico e violência. Só neste ano de 2017, já pereceram assassinados seis jornalistas, tornando a liberdade de imprensa coisa perigosa naquele país.

 

Numa visita de Erdogan aos Estados Unidos da América, guardas do presidente turco agrediram ao murro e pontapé manifestantes pacíficos curdos que se manifestavam frente à embaixada turca nos E.U.A. Ficaram doze feridos destas agressões em plena rua e uma possível impunidade devido à imunidade diplomática dos agressores. Não basta a Erdogan silenciar os seus opositores no seu país, parece não ter problema em o fazer mesmo em solo estrangeiro.

 

Por cá, a CM TV e o jornal Correio da Manhã resolveram divulgar um vídeo de uma suposta violação a uma jovem num autocarro no Porto, durante a queima das fitas. À justiça caberá descobrir se houve crime ou não, mas aos jornalistas caberia, assim se esperava, um pouco de bom senso. A divulgação e incitamento aos leitores para verem o vídeo em questão é de um baixo nível jornalístico sem precedentes. A busca pelo click, pela venda de um jornal, pela audiência televisiva justificará tudo? E poder-se-á chamar sequer jornalismo a este tipo de opções editoriais? E não serão as opções deste «órgão de comunicação» (um dos jornais mais lidos do páis) um reflexo da nossa sociedade, enquanto leitores, espetadores?

 

Olhando para estas notícias, ninguém se poderá queixar de marasmo noticioso. O mundo é uma novela e aguardam-se as cenas do próximo episódio.

 

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