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Quimeras e Utopias

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Jo Nesbø e a leitura compulsiva

Os romances policiais, considerados por alguns críticos como um género literário menor, têm, no entanto, conseguido adquirir um lugar de relevo no mercado editorial nacional e internacional. Dos países nórdicos, impulsionados pelo estrondoso sucesso de Stieg Larsson, chegam-nos nomes como Mons Kallentoft, Camilla Läckberg, Åsa Larsson, Lars Kepler e Jo Nesbø, entre outros. Também os islandeses têm alguns autores em destaque neste género, como por exemplo Arnaldur Indridason ou Yrsa Sigurdardóttir.

 

Todavia, de entre todos estes autores, no campo do romance policial Nesbø é a minha adicção literária. Acompanho-o desde o primeiro livro lançado em Portugal, O pássaro de peito vermelho, e desde essa altura sou uma fiel leitora deste norueguês. Se com outros livros é possível levar a leitura de uma forma faseada, dedicando um par de horas por dia, o diabo do Nesbø não me permite tal coisa. Consigo compreender as estratégias usadas para prender o leitor, um rol de manipulações que durante centenas de páginas, ajudadas por cortes estratégicos de capítulos, nos levam em direções erradas, criando suspeições infundadas, tudo para que o desenlace final seja surpreendente e pouco previsível. Mas mesmo compreendendo que estou a ser ludibriada, não consigo parar de ler e sou menina para despachar um livro de seiscentas páginas em dois ou três dias, levando a leitura a adquirir uns contornos um pouco doentios. Parte do meu fascínio prende-se não só com as estratégias narrativas manipuladoras, mas também com a análise constante da natureza humana, onde convivem polícias alcoólicos, assassinos sem escrúpulos que se confundem com pessoas ditas normais, onde o poder da corrupção e o poder da ambição transformam personagens e onde um filho pode ser um carrasco.

 

No último livro que li do Nesbø, O fantasma, cheguei à última página com uma imensa sensação de perda. Aquele personagem, Harry Hole, que tantas horas de sono me tinha roubado, tanta atenção do meu mundo quotidiano tinha desviado, estava para ali, cravado de balas, como morto. Juro que fiquei umas quantas horas meia apalermada até ter tido a brilhante ideia de usufruir da maravilhosa invenção do mundo moderno — a internet. Teria Hole realmente morrido, seria este o último livro da saga Harry Hole? Depois de uma breve pesquisa, percebi que deveria ser a única leitora de Nesbø que se mantivera na ignorância sobre este assunto até 2016.

 

Felizmente, Nesbø, o meu dealer de policiais, ainda nos presenteará com, pelo menos, mais um livro da saga Harry Hole, o livro Police (na tradução inglesa). Não sei quando chegará a tradução portuguesa, dado que antes disso será publicado a segunda obra do autor (Cockroaches, na tradução inglesa), que ainda não tinha edição portuguesa.

 

O-Fantasma.jpg

O Fantasma, Jo Nesbø, editora D. Quixote

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