Existencialismo primaveril
Ataques terroristas um pouco por todo o lado, manipulações informativas, jogos geopolíticos no médio-oriente, alegadas obstruções à justiça do presidente dos E.U.A., eleições no Reino Unido… Um tanto esmagador a acontecer que se transforma num nada. Um tsunami de acontecimentos que já me parece uma localidade varrida pela água, onde nada sobra, nada resta.
Olho para as 150 páginas que compõem a totalidade dos meus escritos para este blog e pergunto-me qual a relevância, a razão de ser destas palavras, o que acrescentaram, o que questionaram e a resposta não chega. Instala-se o vazio, a vontade esvai-se e todos os possíveis temas anotados no caderninho sabem a pouco, tudo aquilo que gostaria de dissecar parece carecer de substância. Mais vale estar quieta, não acrescentar ruído, observar e ouvir ao invés de matraquear.
Deixo-vos apenas dois pequenos fragmentos daquilo que ainda interessa. A natureza que não falha, alheia aos excessos humanos.
Andorinhas a descansar no fio, preparando-se para novos voos acrobáticos.
Um melro fêmea a prescrutar a curiosidade dos seus observadores. No quintal, um som forte e repetitivo fez-nos imaginar que um pica-pau nos teria vindo visitar. Afinal, era apenas a senhora melra a bater com algo no muro. Supomos que fosse algum tipo de fruto, mas ainda é cedo para as nozes, fruto de casca rija que justificaria tal alarido. O que quer que fosse que ela tentava partir, arremesando contra o muro repetidamente, conseguiu. A seguir por ali ficou a refastelar-se com o seu repasto.
Nota: fotografais da autoria do meu marido, Pedro Neno.