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Quimeras e Utopias

Quimeras e Utopias

Memórias de Adriano — Marguerite Yourcenar

Nem sempre a motivação que nos conduz a um livro é a mais nobre, a que gostamos de apresentar em conversa, mas algo de mais obscuro e de difícil explicação. Não foi a notoriedade de Marguerite Yourcenar, as suas reconhecidas capacidades literárias que me levaram até Memórias de Adriano.

 

Desde cedo tive uma certa apetência por literatura que explorasse diferentes formas de sexualidade, distintos relacionamentos interpessoais, literatura que fugisse ao cânone dominante das relações heterossexuais, do «man meet girl». Ainda adolescente, já esta motivação me fazia pegar em livros menos convencionais, me fazia pesquisar, procurar, correr a comprar.

 

Apesar da minha heterossexualidade, a temática homossexual sempre surtiu um determinado fascínio em mim e essa foi uma das razões de ter pegado neste livro para o ler. E ainda bem que o fiz, porque esta obra é bem mais do que isso, é bem mais do que a paixão do imperador Adriano pelo seu protegido Antínoo, é bem mais do que o dilaceramento de Adriano pela perda do seu amado, este livro é uma obra de arte.

 

Marguerite Yourcenar pesquisou durante anos para este livro e podemos encontrar, na edição da Ulisseia, alguns apontamentos que foram feitos pela autora ao longo dos anos no decorrer dos seus estudos sobre o Imperador Adriano e sobre o império romano. O que foi conseguido neste texto singular foi um olhar sobre uma época distante que pretende não estar maculado ou modelado pelo olhar contemporâneo (até onde isso é possível).

 

Muitos romances históricos pecam precisamente por colocar em personagens de outros tempos, outras épocas, costumes, maneiras de ser e pensar que não pertencem ali, naquele passado, transformando o romance histórico numa miscelânea de adereços de época com personagens, hábitos e costumes hodiernos.

 

Assim, este livro não detém em si apenas a emoção de uma história do passado, contém a possibilidade de vislumbrar uma época pelo olhar de um homem notável, como se Adriano, ele mesmo, tivesse deixado estas palavras escritas especialmente para nós, leitores do século XX em diante.

 

 

E confesso que a razão fica confundida perante o prodígio do amor, da estranha obsessão que faz esta mesma carne, que tão-pouco nos preocupa quando compõe o nosso próprio corpo, limitando-nos a lavá-la, alimentá-la e, se possível, a impedi-la de sofrer, possa inspirar-nos uma tal paixão de carícias simplesmente porque é animada por uma individualidade diferente da nossa e porque representa certos lineamentos de beleza sobre os quais, aliás, os melhores juízes não estão de acordo.

Pág. 20

 

Duvido de que toda a filosofia do mundo consiga suprimir a escravatura: o mais que poderá suceder é mudarem-lhe o nome. Sou capaz de imaginar formas de servidão piores que as nossas, por serem mais insidiosas: seja que consigam transformar os homens em máquinas estúpidas e satisfeitas, que se julgam livres quando estão subjugados, seja que desenvolvam neles, com exclusão dos repousos e prazeres humanos, um gosto pelo trabalho tão arrebatado como a paixão da guerra entre as raças bárbaras. Prefiro ainda a nossa escravidão de facto a esta servidão do espírito ou da imaginação.

Pág. 109

 

O meu luto não era mais que uma forma de excesso, uma devassidão grosseira: eu continuava a ser aquele que aproveita, aquele que goza, aquele que experimenta: o bem-amado entregava-me a sua morte.

Pág. 188

 

 

Memórias de Adriano.png

Memórias de Adriano, Marguerite Yourcenas, Ulisseia

 

Stoner — John Williams

Ao ler um post noutro blog sobre o livro Butcher’s Crossing de John Williams, recordei uma leitura do ano passado, o livro Stoner, do mesmo autor. Ainda na sequência do meu último post sobre a minha incapacidade analítica, este livro figura como a prova de uma valente ressaca literária da qual me recuso proceder a uma análise que a explique.

 

A personagem principal é um homem com uma existência mediana, com vivências medianas, amores medianos, sucesso académico mediano, no entanto, a minha leitura foi obsessiva, compulsiva, sem que o resumo da narrativa objetivamente tal justificasse. Na reta final, passei uma manhã a ler, descurando outros afazeres, e quando acabei e fechei o livro, o que ficou foi um grande vazio, uma tristeza imensa. Consigo vislumbrar a explicação das minhas emoções, mas não quero, prefiro fechar os olhos a essas análises, prefiro manter intacta a crueza das emoções daquela manhã e dos três ou quatro dias posteriores. Normalmente, quando acabo um livro começo a ler logo outro, mas o mesmo não aconteceu depois de Stoner. Passei dias sem conseguir ler, sem olhar para a capa doutro qualquer livro. E quase um ano passado depois da leitura de Stoner, a memória emocional persiste, fazendo-o brilhar acima de umas dezenas de outros livros também lidos no ano passado.

 

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Stoner de John Williams, Editora D. Quixote

Da incapacidade de análise

Sempre tive uma certa dificuldade em dissecar e analisar aquilo de que gosto. Embora lhe chame incapacidade, não o é realmente, pois se tiver de o fazer, faço-o com alguma razoabilidade, mas a contragosto. Seja analisar um livro, um filme, uma música, uma pintura, uma fotografia ou outra qualquer obra de arte, prefiro ficar-me pelo impacto que tais obras me causam a um nível mais orgânico (talvez mais básico), do que partir para uma análise criteriosa, que desmonte em fragmentos aquele todo que tanto me impressionou. Isto não quer dizer que a absorção de uma obra não me provoque um rol de análises interiores desbragadas, tempestuosas, mas é como se permitisse que esses pensamentos seguissem um rumo próprio, sem que lhes impusesse uma forma, uma estrutura, uma orientação obrigatória. Depois, há um certo medo de que a dissecação e posterior análise matem a magia, mostrando-me o grande truque por detrás daquela apoteose artística.

 

Quando estudava cinema, assisti a vários filmes, em salas de cinema ou na escola, na companhia dos meus colegas de turma. Alguns deles tinham a capacidade, durante o visionamento da película, de desmontar movimentos de câmara, opções de montagem, usos da luz, perceber erros de raccord e não se inibiam de falar disso. Nessas alturas, percebia com um certa frustração que estar ali era um erro. Eu não era como eles e pior, não queria ser. Acho que só me perdia em análises dessas se o filme fosse mesmo mau e mesmo assim não era uma coisa espontânea. Do que eu gostava era daquela magia do todo, da soma de todas as partes e não do observar cada parte como elemento de análise.

 

Com os livros passa-se o mesmo. Como pessoa que gosta de ler e escrever, por vezes imponho-me essa observação, esse deslindar do processo. Todavia, melhor do que a análise, melhor do que compreender o processo, é aquela emoção, aquela adrenalina, aquele furor da leitura, aquele rir, aquele chorar, aquela manipulação de que se é alvo e de que se gosta, se deixa, pois aquela manipulação é tudo. Aquela manipulação que nos faz ler cada palavra com voracidade, parar em introspeções que picam como agulhas, olhar em redor, ora com terror, ora com languidez, melancolia ou felicidade parva, terminando numa explosão de emoções que nos deixam desorientados, desnorteados e momentaneamente sem rumo.

Bom selvagem, mau selvagem

Um padrasto matou o enteado, sendo o furto de dinheiro para a compra de um telemóvel o móbil do crime (isto a julgar pelas notícias, sem que todos os dados tenham sido apurados e os suspeitos julgados). Todavia, este tipo de notícias causa grande convulsão social, choca as pessoas pela frieza, falta de escrúpulos daqueles que deveriam, «por natureza», cuidar e não agredir, e mesmo antes de todos os factos aclarados já julgamos e condenamos dentro de nós aquele indivíduo, elevando-o ao patamar de monstro.

A cada crime com contornos absurdos, a cada crime onde é impossível encontrar qualquer resquício atenuante, qualquer pequena coisa que pudesse justificar aquilo, fico para aqui a perguntar-me se Rousseau tinha razão na sua teoria do bom selvagem ou se tudo foi apenas um delírio utópico e o que se passa é precisamente o inverso: somos todos primitivamente maus, marcados por impulsos violentos, pela agressividade e, com o evoluir das sociedades, dos tempos, esses impulsos foram sendo recalcados, acalmados e por vezes adormecidos, mas nunca eliminados.

Numa era em que todos nós temos o direito a uma opinião que pode ser propagada, globalizada, ler os comentários das notícias permite ter um vislumbre dos nossos pensamentos, mesmo quando norteados pelo impulso, pela revolta. Neste caso específico, assim como noutros casos criminais semelhantes, à perplexidade perante a natureza do crime, à tristeza, junta-se um rol de comentários vingativos, onde desfilam perante os nossos olhos formas de tortura e de morte às quais os criminosos deveriam ser sujeitos. A apologia da pena de morte, atrozes formas de tortura, tudo isso são reações normais em notícias deste género.

Olhando para mim como cobaia de análise, percebo que se passa o mesmo. Fico horrorizada com certas coisas que o ser humano se presta a fazer ao seu semelhante, aos animais, à natureza, mas a minha primeira resposta mental é também ela de violência. Um homem atirou ácido à cara da namorada e na minha mente desenha-se a imagem daquele indivíduo, que vi numa fotografia ou em imagens do telejornal, a sofrer horrores por queimaduras de ácido. Imagino-o preso a uma árvore, a observar o carrasco em aproximação, o medo estampado no rosto e esse medo é bom, sabe bem. Sinto que aquela dor, aquele medo, são justos, ele merece-os.

Estes pensamentos vingativos, encenados de forma gráfica, violenta, repletos de agressão, são arredados da minha mente pela força da racionalidade, mas, verdade seja dita, a primitiva reação foi a da agressão e não a do bom senso.

Depois de escorraçar o impulso da vingança violenta, tento perceber que vidas, infâncias, vivências poderão levar a alguém a um estado de falta de empatia pelo próximo. Tento olhar pelos olhos dos outros, ver a realidade dos outros, conhecer sonhos, ambições, impulsos que não os meus e compreender o desenrolar das suas ações, compreender as suas motivações.

A via da racionalidade tenta apagar o impulso primitivo da agressão, e embora os meus pensamentos sejam apenas pensamentos, imaterializados e imaterializáveis, estão lá e no meu íntimo questiono-me se eu e eles — assassinos, agressores, sociopatas, não seremos todos a mesma coisa: uns maus selvagens.

Nós e os outros

syrian boy.jpgsyrian woman.jpg

 

Nunca me senti a salvo de qualquer mal, nunca me senti protegida por um qualquer desígnio divino, uma proteção especial para alguém não tão especial quanto isso. Quando via e vejo imagens de guerra, de conflitos, o que ali está representado não me afeta apenas como um conceito que conheço, mas que me é alheio, afeta-me como se lá estivesse. Pior, afecta-me como se aquilo, lá longe, pudesse ser aqui, cá perto. E vivo neste medo constante. Não há nada que me faça acreditar que estou protegida e que o estarei durante toda a minha vida, assim como não há nada que me faça acreditar que sou especial, a escolhida, e que eles, os das fotografias, são os outros, aqueles a quem lhes calhou a «sorte» de nascer no lugar errado à hora errada.

 

Este medo passou para aquilo que escrevo. Há uns tempos escrevi um livro que tinha como cenário um Portugal atual em guerra. Não descrevi aquele país como um cenário apocalíptico, uma realidade distópica, mas como uma possibilidade, um espelho de realidades em guerra que também já foram realidades em paz. De uma das editoras, recebi gentilmente um comentário ao manuscrito, uma justificação para a não publicação. O «gentilmente» não é sarcástico. As editoras, não sendo consultoras editoriais, nunca comentam as razões das não publicações com os autores. Neste caso, penso que me foi útil perceber o que poderia melhorar e perceber ainda as diferentes formas como os outros veem aquilo que escrevo.

 

Uma das críticas prendia-se precisamente com a cenário apocalíptico, a fazer lembrar algumas sagas literárias de fantasia, um cenário que não poderia ter nada em comum com o país que conhecemos. Embora esta não tenha sido, com toda a certeza, a principal razão da não publicação do livro (a minha inabilidade não pode ser desculpada com detalhes), fez-me ficar a pensar que a forma como eu vejo o sofrimento, a guerra, encurtando distâncias, trazendo tudo aquilo até mim, até ao hoje e ao agora, não é semelhante à das outras pessoas (ou à de algumas delas, pelo menos).

syrian man in chair.jpg

 

Para certas pessoas, a imagem é apenas imagem. Este homem, rodeado de caos, caos que aos meus ouvidos grita guerra, fome, sofrimento, dor, morte, perda, é visto pelos outros como uma imagem de beleza catastrófica, uma apoteose bélica que retrata uma etnicidade que não é a nossa, que nos pode puxar ao sentimento, à compaixão pelo próximo, mas que permite que essa emoção seja desligada em segundos, substituída em menos de nada pela indiferença.

 

Secretamente, gostava de ser assim. Gostava de não sentir o cheiro a munições, a putrefação, a lixo, gostava de não conseguir antever naquele olhar o medo, a incerteza, o sobressalto contínuo. Gostava de olhar e não perceber ou relativizar, gostava de os ver como os Outros e não como os Nós, gostava de acreditar que aquela terra é a terra Deles e não a Nossa terra. Gostava. Tudo isso seria preferível à sensação de injustiça perpétua, à procura constante do sentido da vida, quando esta não parece ter qualquer sentido, obedecer a qualquer lógica. Tudo isso seria preferível ao medo.

 

Vou para não ficar (excerto II)

As mãos de Salvador, amornadas pelo sono, apertaram as de Alexander para o serenar. Não precisavam de falar. Aquele gesto simples, duas mãos que cingiam outras duas, fez desvanecer o cenário noturno de agressão e medo que povoara a cabeça do sargento e apenas a sensação morna de ser amparado subsistia. Aproximaram-se, sentindo a respiração um do outro. E num impulso simultâneo, beijaram-se. Primeiro devagar, num leve roçar de lábios, como se a escuridão pudesse dissimular a ação. Depois de forma sôfrega, urgente. Tatearam o rosto um do outro, sem que os lábios se distanciassem. Nariz, sobrancelhas, orelhas, olhos fechados. Tocaram o corpo um do outro. Pescoço, costas, peito, braços. Se o beijo que os unia era impaciente, a rasar a violência, a forma como se tocavam era suave, amedrontada pelo desconhecido, num contraste rítmico com o beijar acelerado. Pontas dos dedos que perscrutavam pequenos pedaços do corpo do outro.

Sentados na cama, de olhos fechados, dominados pelo ribombar cardíaco que os ensurdecia, que os agitava ao extremo da dor física, a vida, o querer alguma coisa, poder-se-ia resumir apenas àquilo. Lábios nos lábios, língua dentro da boca do outro, dedos a acariciarem um pescoço, a memorizarem a fisionomia de um nariz, um toque na nuca que faz estremecer, uma palma da mão pousada no peito que arranca um gemido ténue entre beijos, um suspiro causado por uma mão que afaga um rosto.

Vou para não ficar (excerto)

Alexander sentiu-se sumir por dentro. Estava ali, presente, e em todas as interpelações conseguiu articular respostas racionais, embora evasivas, mas o seu interior evaporava, exalando-se pelos poros, pelas expirações, pelos olhares vertiginosos que dedicava a cada canto e recanto dos espaços envolventes. Um homem que se diluía perante uma assistência desinteressada. Um homem que se transformava num recipiente oco. De metralhadora nas mãos, quando se preparava para a devolver ao depósito de armas, ouviu o som cavo, o eco grave do seu próprio corpo vazio. Podia, como um louco, descarregar a arma de forma aleatória naquelas pessoas que falavam, riam, relaxavam depois de um dia de trabalho. Provocar uma profusa matança, criar novos ecos, encher-se novamente, mostrar da forma mais dramática o significado da palavra morte àqueles que a usavam como artifício humorístico. Podia. Na imagem da arma, no toque da coronha e do cano entre mãos, conseguia antecipar a efervescência do momento, a vertigem sonora dos disparos. Podia. Todas as suas ações deslocadas seriam desculpa posterior daquele comportamento, mas também aviso prévio ignorado. Todavia, o seu corpo oco reagiu de forma automática como um sonâmbulo que sabe o caminho, conhece os detalhes arquitetónicos de uma casa às escuras. Entregou a arma no depósito.

 

(em Vou para não ficar, Sónia Pereira

O ridículo — o novo paradigma do carisma

Com a passagem dos meses, a ideia de Donald Trump chegar a presidente dos E.U.A. saiu do campo dos pressupostos caricatos para o campo da possibilidade real e o riso e escárnio que tal personagem inspira em alguns/muitos de nós começa-se a transmutar lentamente em medo. É certo que a ala republicana sempre teve candidatos hilariantes, histriónicos, mas Trump é realmente uns quantos degraus acima nas escadas do populismo.

Acho que poderia tentar fazer uma análise de como pessoas destas escalam, com sucesso, até ao poder, mas não sou analista política, socióloga ou algo que me habilite a fazer uma análise válida. Esta análise aqui parece-me, no entanto, bastante interessante.

Todavia, é inevitável focar-me num único ponto que é, para mim, gritante — o ridículo. Nos últimos tempos têm surgido paralelismo entre o discurso de Trump (xenófobo, racista, anti-imigração, islamofóbico, nacionalista) e o discurso de Hitler, aquando da sua ascensão ao poder. Poderá ser uma comparação simplista e redutora esta comparação de duas personagens distintas em épocas históricas distintas, mas também a mim me parece que o discurso de Trump tem um potencial inflamatório, perigoso, potenciador de conflitos. Mas o que mais salta à vista é mesmo o aspeto ridículo destes dois personagens.

O que raio se passa com a sociedade e a propensão para ditadores com aparência ridícula? Não é uma questão de ser feio ou bonito, é mesmo o fator ridículo que, a meu ver, causa quase uma impossibilidade de levar certas pessoas a sério. No entanto, estes dois, embora portadores da centelha do ridículo, levam-se (ou levaram-se) e são levados (ou foram) muito a sério por uma quantidade substancial de pessoas.

Será o ridículo o novo paradigma do carisma?

 

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