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Quimeras e Utopias

Quimeras e Utopias

Um silêncio que vale ouro

Frente a uma assistência de centenas de pessoas, Braco (The gazer) entra para o palco e ali fica, mudo e quieto, a fitar cada pessoa que compõe o seu público. Não dança, não canta, não faz malabarismos, não fala, não faz discursos inspiradores… olha apenas.

 

Mas o olhar de Braco vale ouro. Para aqueles que acreditam nos poderes curativos, pacificadores e regeneradores da presença de Braco, aquele olhar mudo vale toda uma carreira como curandeiro.

Braco.jpg

 Braco (Josip Grbavac) the Gazer

 

Nascido na Croácia em 1967, Braco começou a seguir os «caminhos da cura» apenas em 1993, após conhecer o seu mentor, Ivica Prokić. Curiosamente, este mesmo mentor viria a morrer dois anos depois, em circunstâncias dúbias, quando estava de férias com Braco na África de Sul. Segundo o curandeiro, Ivica foi levado por uma onda de forma inesperada. O corpo viria a ser recuperado com várias dilacerações que se supuseram ser de um coral. Para a história, fica uma morte com contornos duvidosos, mas nem por isso alarmantes para os seguidores de Braco.

 

Após esta «tragédia», Braco relançou-se na sua atividade de curandeiro. Primeiro, via os seus clientes um a um, mas deve ter sido inspirado pela rentabilidade de um grande auditório, pois logo a seguir passou a fazer eventos públicos para grandes audiências. Em certas aparições públicas, a assistência chega a ser de vários milhares de pessoas. Atualmente, Braco faz tournées de cura um pouco por todo mundo e mantém sessões periódicas num centro em Zagreb.

 

Braco nunca anunciou, de forma expressa, os seus poderes curativos (há já vários anos que Braco não fala com a imprensa, dá entrevistas), no entanto, toda a máquina que envolve Braco promove-o dessa forma, como um curandeiro com poderes especiais, como alguém cujo olhar cura e regenera.

 

E a máquina de propaganda de Braco tem uma preciosa ajuda: a dos seus seguidores, do seu público. Dele, já reclamam a curo de cancros e outras maleitas e algumas pessoas, mesmo sem uma cura envolvida, dizem-se invadidas por uma paz imensa, uma calma interior inaudita.

 

Em suma, basta um olhar calado de um homem para criar um ídolo. E, se esta história que envolve Braco parece algo estapafúrdia, talvez todas as seitas, religiões, curandeiros, profetas tenham contornos idênticos de semelhante extravagância.

 

Agora, olhem para Braco e sintam-se curados. Pessoalmente, não senti nada. Só vejo um rosto com um sorriso um pouco parvo.

Documentário de 60 segundos sobre Braco.

 

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