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Quimeras e Utopias

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Pagadores de promessas

Há uns tempos tinha visto uma reportagem sobre um homem que era pagador de promessas profissional. Em troca de uma determinada quantia de dinheiro, a pessoa em questão fazia a penitência que o contratante tinha prometido — ir a pé a Fátima durante X quilómetros, colocar velas no santuário, rezar o terço, etc.

 

O que na altura me pareceu bizarro, fazendo lembrar os pagamentos das bulas séculos atrás, parece ter-se tornado num negócio prometedor, em franca expansão. Segundo noticiam umas quantas publicações nacionais, existem agora várias pessoas a oferecer este serviço em páginas na internet, o de pagarem a promessa por alguém contra pagamentos, na maioria das vezes, avultados. O centenário das supostas aparições/visões parece ter contribuído para o florescimento deste nicho de mercado e é de supor que tamanha oferta implique uma procura.

 

o-pagador-de-promessas.jpg

Imagem da adaptação televisiva da obra «O pagador de Promessas». Fotografia retirada daqui.

 

Apesar do meu olhar sobre o tema ser moldado pela minha não crença religiosa, penso que mesmo alguns crentes acharão esta opção pela contratação de um pagador de promessas algo de insólito, se não mesmo em claro confronto com os mais básicos preceitos religiosos.

 

A justificação daqueles que contratam tais serviços e daqueles que os oferecem é que pagar dinheiro para alguém pagar uma promessa implica que esse dinheiro tenha sido ganho pelo contratante e há, evidentemente, esforço envolvido, sacrifício na labuta diária que é revertida em salário. Em suma, o dinheiro é sinónimo de sacrifício e como tal não há mal em o gastar para pagar a um pagador de promessas, pois o sacrifício implicado no pagamento de uma promessa (caminhar quilómetros, fazer percursos de joelhos) está implícito no pagamento monetário.

 

No alto da minha ignorância religiosa, deixo aqui apenas uma singela sugestão: se alguém tem 2500 euros para pagar a um pagador de promessas profissional (preço levado por grande parte dos profissionais pelo percurso a pé Lisboa-Fátima), não seria mais louvável, mesmo do ponto de vista cristão, ofertar esse valor a uma instituição de solidariedade social ou ajudar diretamente alguém que necessitasse desse dinheiro? A devoção, a crença, deve revelar-se através de ações e não se ficar apenas pelas intenções.

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