Jóhann Jóhannssonn – adeus melancólico
Faleceu a 9 de fevereiro deste ano, aos 48 anos, o compositor islandês Jóhann Jóhannssonn. E não haverá nada de mais paradoxal nesta vida do que o fim, a perenidade do corpo físico de alguém capaz de criar o intemporal, o imortal, o transcendente. O paradoxo entre a banalidade da existência humana e a unicidade de algumas das suas criações.
Como melancólica assumida, a morte deste compositor grita-me aos ouvidos como um último andamento de uma composição histriónica. Mas, a melancolia é também a capacidade de distanciamento, de observar em contemplação o caos, a beleza, a capacidade de sentir a vibração da vida em toda a sua potência. Assim, apesar da partida do homem, sento-me e ouço a sua criação. Sinto o eco da sua existência nas notas que se compõem em melodias que me chamam e que já foram mínimas, semínimas e colcheias escritas por aquela mão numa pauta em branco. E enquanto eu conseguir ouvir, enquanto eu sentir no corpo a vibração das suas criações, o homem não morrerá. E isso basta…
«The candlelight vigil», banda sonora do filme Prisoners, de Jóhann Jóhannssonn.
Fordlândia, de Jóhann Jóhannssonn.
Flight from the city, de Jóhann Jóhannssonn.