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Quimeras e Utopias

Quimeras e Utopias

A instalação do medo, Rui Zink

— Vou dizer-lhe um segredo, minha senhora. Os mercados não existem.

— Nunca existiram — anui o Sousa.

— São como deuses.

— Lendas.

— Legendas.

— Já lá dizia o poeta: "O mito é um nada que é tudo."

— Se quiser intimidar as pessoas, minha senhora...

— Apague a luz.

— Basta apagar a luz.

— E tem o trabalho meio feito.

— Fica tudo às aranhas.

— Para quê pôr polícias e tanques nas ruas quando basta apagar a luz?

— Apagar a luz e sussurrar.

— Murmurar.

 

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Instalação do Medo, Rui zink, edição da Teodolito

Página 55 e 56

 

Por estas bandas a instalação do medo deu erro. Mas os técnicos não param de telefonar para remarcar uma nova instalação. Condescendentes, insistentes e assustadores.

Conhece-te a ti mesmo.

Conhece-te a ti mesmo.

Mas ninguém quer realmente conhecer-se a fundo. Só se lá vai escarafunchar quando a pessoa se sente obrigada ou foi lá parar por engano, seguindo um inocente trilho de pequenas migalhas. Há um pressentimento latente na ignorância diária de que o que lá está escondido, no nosso íntimo, aquilo que se desconhece, não trará felicidade, só inquietações desnecessárias.

E assim é.

 

(em Duzentos metros)

A minha vizinha garça

A garça aparece de visita todas as manhãs. Pousa num galho de uma árvore na margem oposta à da minha casa, depois de fazer umas exibições de voo, rio acima, rio abaixo. Antes de pousar, na fase final do seu voo acrobático, normalmente solta um grasnado que eu interpreto como uma saudação dirigida a mim, um «Bom dia. Cheguei.»

 

Eu, a sua vizinha que a observa, não posso deixar de sorrir por mais vezes que este momento se repeti.

 

«Um bom dia também para ti.»

 

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 Fotografias de Pedro Neno

Sobre o suicídio

Não deixa de ser irónica a forma como percecionamos a morte infligida pelo próprio, vulgo, o suicídio. Milhares de pessoas morrem diariamente em mortes atrozes e evitáveis — guerras, subnutrição, falhas graves em sistemas de saúde subdesenvolvidos, acidentes provocados por erro humano, homicídios promovidos pelas mais mesquinhas razões, mortes que fazem notícia, pelo menos as mais ocidentalizadas, mas que esquecemos em segundos. Mortes que são números sem rosto e que conseguimos integrar na nossa rotina com uma facilidade alarmante.

Mas se a vizinha do quinto andar, num dia de sol (quem diabo se suicida num dia de sol, perguntam alguns estupefactos) se abeira da janela e resolve saltar para o vazio, caindo esparramada no passeio de calçada portuguesa, a imagem do corpo morto, torcido numa posição estranha, tira o sono a quem a conhecia e mesmo àqueles que, ouvindo a história contada por um vizinho atormentado, mesmo sem conhecerem a falecida, sentem uma qualquer familiaridade com a sua história de vida e miséria pessoal.

A imagem da vizinha voadora permanecerá naquela mente durante anos e mesmo décadas depois, aquela imagem irromperá inesperadamente, despoletada por algum som, odor ou semelhança com um qualquer acontecimento presente. Todos nós temos uma vizinha voadora arquivada na nossa mente. Uma vizinha voadora que pode ser um vizinho enforcado, uma conhecida comedora de veneno dos ratos, o padeiro que resolveu dispara contra os próprios miolos ou o mecânico saltador de pontes.

 

(em Duzentos metros, Sónia Pereira)

Xenofobia consentida

A propósito do Urso de Ouro atribuído na Bienal de Berlim à curta-metragem Balada de um batráquio da realizadora portuguesa Leonor Teles, dei por mim a refletir sobre a xenofobia orientada para a etnia cigana e da forma como esta é tratada com naturalidade na nossa sociedade, numa estranha diferenciação com a xenofobia (num contexto mais generalizado) e/ou o racismo.

Tirando os parolos que esgrimem opiniões impulsivas em caixas de comentários, é hoje totalmente inaceitável proferir opiniões racistas ou xenófobas, mesmo que, no dia a dia, surjam as célebres frases com a conjunção pelo meio: «Eu não sou racista/xenófoba, mas… ». Todavia, a xenofobia orientada para a etnia cigana é quase como socialmente aceitável e está de tal forma entranhada, que temos a nossa língua pejada de expressões de índole depreciativa onde a etnia cigana é usada como modelo comparativo negativo:

 

— Pareces um cigano; comportas-te como um cigano; mercadoria cigana; negoceias como um cigano; isso parece dos ciganos; és tão honesto como um cigano.

 

Juntando a isto, ainda temos os famosos sapos de louça que os comerciantes usam de forma objectiva como dissuasor da entrada de pessoas de etnia cigana nos seus estabelecimentos, perante o assentimento ou indiferença dos restantes clientes. E este acumular de comportamentos discriminatórios faz-me perceber que vivemos numa sociedade, num país que na realidade não é o que gosta de apregoar: tolerante, que aceita de igual modo todas as pessoas independentemente da sua raça, etnia, pigmentação da pele, orientação sexual, género.

Censurar, criticar, condenar determinado ato ou conduta nunca poderá ser algo dirigido a um grupo, a uma raça (seja isso realmente o que for), a uma etnia, a um género. Quem transgride (sendo a definição de transgressão também algo dúbia em certos aspetos) é uno e deve ser tratado como tal e nunca inserido num contexto grupal. Mas fazemo-lo constantemente mesmo sem grande perceção de o estarmos a fazer, mesmo quando exigimos para nós um tratamento diferenciado, mesmo quando queremos ser considerados seres humanos únicos, não um número, um +1 num qualquer grupo.

Não é por um comportamento estar enraizado, não é por um comportamento não ser constantemente censurado (seja pelos nossos pares, pelos educadores, pelos professores, pela comunicação social), que o comportamento passa automaticamente a estar correto, a ser aceitável. Ter comportamentos discriminatórios não está correto, não é aceitável.

Falar sobre isto, ver os nossos erros refletidos num documentário (por exemplo), perceber qual o âmago da nossa atitude xenófoba, da descriminação arreigada, pode ser a génese de uma mudança relacional, de algo maior. Mesmo que não gostemos de nos ver nesta fotografia, temos de olhar para ela. É a única forma de reconhecer o erro e encetar uma transformação.

 

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Umberto Eco

O meu primeiro contacto com a obra de Eco foi há uns anos atrás, quando elaborava um artigo para uma disciplina de mestrado. Apesar de Umberto Eco estar na minha lista de leitura desde há vários anos, outras obras foram-se insurgindo e livros como O nome da Rosa, O cemitério de Praga ou O pêndulo de Foucault foram ficando em espera. Assim, a descoberta de Eco foi com dois ensaios e não com os romances. As obras em questão foram Apocalípticos e Integrados (recentemente editado em Portugal) e Sobre os espelhos e outros ensaios e logo aí encontrei retratadas algumas das minhas preocupações, intuições e inquietações sobre a cultura de massas e outros assuntos relacionados.

No ano passado li a sua última obra, Número Zero, e novamente, mais do que um romance, é um explorar de problemáticas atuais como a manipulação da informação pelos meios de comunicação, manipulação que pode ser feita de formas tão engenhosas quanto básicas, condicionando opiniões, conduzindo as sociedades para onde alguns as querem.

Neste último fim-de-semana, com a notícia da morte de Eco, a internet ficou submergida em frases proferidas pelo autor, palavras que supostamente deveriam definir um homem, a sua vida, a sua obra. E no meio dessa torrente de citações, uma delas brilha mais do que as restantes, não pelo epítome da vida de Umberto Eco, pois isso seria uma impossibilidade, mas pela definição da minha relação com a sua obra:

 

Alguém que é feliz a vida toda é um cretino; por isso, antes de ser feliz, prefiro ser inquieto.

A inquietude como mote de vida, a busca por aquilo que, à partida, sabe-se que não trará felicidade, qualquer aplacar do desassossego interno, mas antes será mais uma acha para a fogueira da inquietação — isso será a mais próxima definição da minha relação com a sua obra. Não é a beleza, a contemplação bucólica da perfeição, mas o desassossego que me conduz por entre as páginas do seu legado.

Por isso, ao invés de nos chorarmos por aqueles que têm o condão de não desaparecer por completo, aqueles que nos deixam resquícios de si, do seu pensamento, da batalha intelectual de uma vida, peguemos num livro, numa das suas obras e celebremos a sorte de pessoas destas terem nascido e deixado para os restantes mortais testemunhos clarividentes, heranças de uma inteligência inquestionável.

 

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Mudar o mundo

A minha mãe diz-me para ter calma. Não posso mudar o mundo sozinha. A esta incapacidade de mudar o mundo, soma-se a minha crescente incapacidade de conseguir viver nele tal como ele está neste momento.

Em criança não nos percepcionei tão cínicos, tão indiferentes, tão focados no nosso umbigo. E agora, já adulta, pergunto-me como nos tornamos nisto, como deixamos que as instituições que nos representam, a nível nacional, a nível europeu, se tornassem em instituições presas a números, a estatísticas, a lucros, a burocracias, mas completamente indiferentes à miséria humana?

As notícias que nos chegam diariamente não parecem informação sobre um mundo real, mas um delírio alcoólico, uma maluqueira qualquer criada por um jornal satírico.

Náufragos, entre eles crianças, boiam mortos nas águas do mediterrâneo; a UE ameaça a Grécia de expulsão do espaço Shengen por não conseguir controlar as suas fronteiras e conter a vaga de refugiados; a Turquia recebe dinheiro da UE para não deixar os migrantes transporem as suas fronteiras, «invadindo» solo europeu; a Dinamarca aprova uma lei de confisco de bens acima de determinado valor aos refugiados do seu país; a Suécia apronta-se para repatriar 80.000 migrantes; também a Finlândia pensa em «despachar» do seu território 20.000 refugiados; refugiados são obrigados a usar pulseiras identificativas no País de Gales; 10.000 crianças refugiadas desapareceram em solo europeu; civis sírios morrem diariamente em bombardeamentos militares; na cidade sitiada de Madaya, também na Síria, pessoas morrem diariamente à fome; o grupo terrorista ISIS (cuja génese não será assim tão difícil de perceber, com muitas culpas no cartório de países ocidentais) ocupa vastas áreas de território no Iraque e Síria, instalando o medo e o absurdo entre a população; a Turquia diz combater o ISIS, mas ataca mais o povo curdo (que combate o ISIS) do que propriamente os alvos terroristas do EI.

E os nossos representantes europeus parecem simplesmente inaptos para resolver tudo isto, porque talvez não haja realmente vontade de reflectir de forma séria e tentar arranjar soluções dignas. Essas soluções entrariam em confronto directo com interesses vários (políticos, económicos, geoestratégicos). Os nossos representantes europeus são um reflexo de cada um de nós: pessoas centradas no conforto pessoal, na possibilidade de um futuro risonho que não pode ser estragado por detalhes exteriores, no EU como força mais importante do que o NÓS.

O manancial de informação que podemos recolher pela internet e propagar pelas redes sociais não nos tornou mais sábios e atentos aos que se passa com os outros. Num paradoxo, tornou-nos indiferentes, capazes de olhar sem ver. As nossas revoltas são instantâneas e não perduram, os ódios injustificados fomentados por palavras alheias estão a transformar-nos em seres estranhos, sem empatia pelo próximo.

Passamos por este mundo de forma dormente, fazendo tantos outros passar por ele de forma dolorosa.

Considerações sobre a edição do ponto de vista do autor frustrado

 

Para um qualquer aspirante a escritor, ou mais concretamente, aspirante a escritor/escrevinhador publicado (porque alguns, mesmo depois de publicados, dificilmente poderão ser considerados escritores e outros tantos, mesmo sem a publicação, não teremos pejo em considerá-los dessa forma), a senda pela publicação não é caminho fácil.

Com a democratização da palavra escrita, com o advento dos cursos de escrita criativa, livros tutoriais de escrita com fórmulas mais ou menos fidedignas sobre a escrita de ficção, o número de potenciais escritores disparou, inundando as editoras de manuscritos que exigem uma avaliação. Para aquele que envia uma obra para uma editora, o que se advinha, regra geral, são meses de silêncio. Salvo raras exceções (o caso de uma editora que estabelece um limite de noventa dias para a resposta, sendo a resposta negativa no caso de passado esse espaço temporal não se tiver obtido qualquer contacto), as diversas editoras, talvez assoberbadas pela quantidade de manuscritos que lhes chegam e também pelos próprios imperativos do negócio, simplesmente ignoram durante meses (anos) os contactos dos potenciais futuros escritores, deixando-os num limbo de dúvidas.

Como pessoa que espera, esse silêncio pode ser interpretado de várias formas — leram, não gostaram e não publicarão; não leram ainda, mas ainda o farão; receberam, não leram e não o farão devido a razões várias.

Não vou comparar a possibilidade de publicação com ganhar o euromilhões, mas as probabilidades não serão assim tão díspares. Temos os livros traduzidos de autores estrangeiros, que já deram mostras noutros mercados de serem financeiramente viáveis, temos os livros dos autores nacionais já consagrados, temos os livros dos autores que ganharam algum prémio literário, temos os livros de figuras públicas, nacionais e estrangeiros (jornalistas, actores, apresentadores, políticos, cantores, etc.) e, tirando estas publicações mais ou menos garantidas, sobrará pouco espaço de manobra para a inclusão da publicação de novos autores. Um novo autor é um tiro no escuro e, embora possa tecer algumas considerações sobre a necessidade de diversidade na oferta literária (de qualidade) e, numa visão mais geral, cultural, na realidade, uma editora não deixa de ser um negócio que se quer rentável. Uma casa editora não é a Santa Casa da Misericórdia.

Para os potenciais autores surge, após anos de tormento no encalço da publicação, o que lhes parece ser uma luz ao fundo do túnel. Nos últimos anos surgiram várias «editoras» que se predispõem a publicar a quase totalidade das obras que lhes são enviadas, passando por um pequeno crivo editorial (que penso, rejeitará apenas obras onde o uso da linguagem roce o grotesco e a gramática seja assassinada e torturada). Todas as restantes obras serão levadas ao prelo, em troca de uma soma monetária a ser paga pelo autor. Nessa soma estarão incluídos os trabalhos de revisão, design, paginação e o acesso ao sistema de distribuição provido pela editora em questão. É interessante perceber que o conceito da expressão «Proposta Editorial» acaba subvertido. No contacto com uma editora, quem faz a proposta editorial é o autor, ao enviar o seu manuscrito ou resumo de uma obra. Com estas editoras/gráficas encapotadas, o autor envia o manuscrito e a editora em questão apelida de Proposta Editorial o orçamento enviado para a publicação da obra.

Para mim, o único senão deste sistema, é ser chamado de edição. Folheando o Código de Direitos de Autor facilmente se conclui que qualquer contrato que tenha custos para o autor (custos com design, revisão, impressão, distribuição ou compra obrigatória de exemplares para venda pelo escritor) não é um verdadeiro contrato de edição. Os contratos editoriais são absolutamente gratuitos para o autor, estando este apenas obrigado a cumprir prazos, caso estes estejam estipulados em contrato.

Resumindo, estas empresas apareceram e, contrariamente ao que alguns previram, estabeleceram-se e algumas lucram enormemente com este esquema que não é completamente honesto para com os autores. Embora, apesar de desonesta, seja uma solução facilmente percecionada como extremamente atrativa. É compreensível que alguém que se sente continuamente rejeitado pelas editoras (sem saber as razões, que podem ir desde a completa inaptidão literária do autor, à inadequação com o catálogo da editora, sobrecarga editorial ou simplesmente a falta de vontade em apostar em algo novo) veja nestas casas «editoras» uma maneira de concretizar o que se afigura muitas vezes como principal mote de vida.

Muitas outras considerações poderiam ser feitas sobre o tema Edição e sobre a escrita em geral, mas talvez deixe apenas uma reflexão, em jeito de solução, para a forma como as editoras gerem os contactos de novos potenciais autores.

— Não será necessário ler a totalidade de algumas obras para perceber que o seu autor faz um mau uso da língua portuguesa. Perceber isso não deve demorar muito tempo por parte de uma equipa que faz a avaliação de novos projetos editoriais. Essas obras poderiam ser rapidamente descartadas pelas editoras, num rápido contacto com o autor. Não seria mal pensado informar esse autor das razões básicas que levaram a que fosse descartado. Embora compreenda que uma editora não poderá ser entendida como consultora editorial, que dá conselhos literários/linguísticos/gramaticais a quem a consulta, informar alguém que o seu uso da língua é medíocre poderá fazer com que a pessoa em questão se iniba de continuar a bombardear as editoras com as suas «obras»;

— As editoras deveriam usar de extrema sinceridade para com aqueles que as contactam ou pretendem contactar. Se não desejam editar obras de novos autores, se não querem editar determinado género literário, se irão demorar mais de determinado tempo a fazer uma avaliação, se é comum não facultarem qualquer resposta às propostas editoriais recebidas, todos estes factos poderiam ser facilmente referidos nos sites, páginas nas redes sociais das editoras em questão. Uma harmonização das práticas de contacto e interação com os potenciais escritores faria com que estes não se sentissem um estorvo, uns inúteis, uns falhados. Porque, posso garantir, sentir que se é um estorvo, uma inutilidade e que se é falhado não é lá grande coisa.

 

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